m 2024, o Brasil viveu um cenário preocupante para os consumidores: o preço da carne disparou 20,84%, marcando a maior alta em cinco anos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Após um alívio em 2023, quando houve uma queda de 9%, a população foi pega de surpresa por um aumento abrupto e significativo no valor da proteína que, para muitos, é a base da alimentação diária.
O impacto dessa alta não foi limitado aos preços isolados dos cortes de carne, mas se refletiu diretamente no orçamento das famílias brasileiras. Com isso, a carne tornou-se o item com maior contribuição na inflação de alimentos de 2024, responsável por 0,52 ponto percentual da variação de 7,69% registrada no ano. O peso desse aumento recai sobre aqueles que, já vivendo com a pressão de custos elevados, agora enfrentam uma realidade ainda mais difícil.
Entre os cortes mais consumidos, o acém (25,2%), o patinho (24%) e o contrafilé (20%) foram os que apresentaram os maiores reajustes. Esses aumentos, principalmente, afetam as classes sociais mais baixas, que já sentem as dificuldades impostas pela inflação. O preço da carne bovina, um alimento essencial para muitos brasileiros, tem se tornado cada vez mais inacessível, agravando as desigualdades sociais e a insegurança alimentar.
O problema é que essa alta não é algo repentino. Embora os preços tenham começado a subir a partir de setembro de 2024, a tendência de alta é clara desde o segundo semestre. Durante os primeiros oito meses do ano, houve uma pequena retração nos preços, mas nada que indicasse que a situação tomaria um rumo tão preocupante. Agora, com os reajustes, muitas famílias estão se vendo forçadas a buscar alternativas mais baratas, sacrificando a qualidade da alimentação.
O que parece faltar, além da transparência sobre os reais motivos desses aumentos, é um compromisso mais firme dos governantes em controlar os preços dos alimentos essenciais. O mercado da carne, que é um setor altamente influenciado por variáveis internas e externas, não pode continuar sendo um vilão no orçamento das famílias brasileiras. Ao invés de tomar medidas que protejam a sociedade, o governo se limita a observar a elevação dos preços, enquanto as famílias enfrentam uma verdadeira batalha para manter uma alimentação básica e saudável.
É imprescindível que a sociedade se una em prol de uma política pública que tenha como foco o controle dos preços dos alimentos e a proteção dos mais vulneráveis. O aumento da carne não é apenas um reflexo da dinâmica de mercado, mas também um sintoma de um sistema econômico que não dá a devida atenção às necessidades da população. A carne, que já foi um alimento acessível à maioria dos brasileiros, não pode se tornar um luxo.
Agora, o desafio é entender se o aumento dos preços da carne será pontual ou se ele é um reflexo de uma estrutura de mercado insustentável para as famílias. O governo e os órgãos competentes precisam agir para garantir que os direitos fundamentais de todos os cidadãos, incluindo o acesso à alimentação de qualidade, sejam respeitados e protegidos. Se o cenário continuar assim, o impacto social será imenso e insustentável.