Dengue mata mais que Covid-19 em 2024: descaso, falta de planejamento e um alerta ignorado

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Dengue mata mais que Covid-19 em 2024: descaso, falta de planejamento e um alerta ignorado

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O Tocantins está entre os seis estados com maior vulnerabilidade à dengue. O Brasil enfrenta uma crise de saúde pública que poderia ter sido evitada. Em 2024, as mortes por dengue superaram as de Covid-19, revelando não apenas a força do vírus transmitido pelo Aedes aegypti, mas, principalmente, a fragilidade do sistema de combate e prevenção da doença.

Dados do Ministério da Saúde, divulgados pela CNN, mostram que 6.041 pessoas perderam a vida para a dengue em 2024, um aumento alarmante de 400% em relação ao ano anterior. Enquanto isso, os óbitos por Covid-19 totalizaram 5.960 no mesmo período. A inversão desse quadro deixa uma pergunta inquietante: como um problema de saúde amplamente conhecido e recorrente conseguiu provocar mais mortes do que uma pandemia global?

Uma tragédia anunciada e negligenciada

O aumento descontrolado dos casos de dengue não é uma surpresa. A cada verão, a doença volta com força, impulsionada pelas condições climáticas e pela falta de ações efetivas. Os governos, em diferentes esferas, falham ano após ano em garantir medidas preventivas eficazes, como campanhas contínuas de conscientização, investimentos em saneamento básico e combate efetivo aos focos do mosquito.

A tragédia de 2024 não aconteceu da noite para o dia. O Brasil registrou 6,6 milhões de casos prováveis da doença no último ano, o que já indicava a iminência de um cenário catastrófico. Mesmo assim, medidas mais rígidas e estruturais de prevenção ficaram em segundo plano. Agora, para 2025, modelagens do InfoDengue alertam que estados como Tocantins, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo podem enfrentar novas explosões de casos. O que está sendo feito para evitar mais um ano de recordes trágicos?

Falta de investimento e reação tardia

O enfrentamento da dengue não pode se limitar a medidas emergenciais quando os números já estão fora de controle. É preciso investimento contínuo em pesquisa, ampliação da vacinação e estratégias inovadoras para o combate ao mosquito.

O Brasil já tem a vacina Qdenga, aprovada pela Anvisa, mas a imunização ainda não está disponível para toda a população. Além disso, a distribuição inicial foi restrita a grupos prioritários, como crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, enquanto a doença ceifa vidas de diferentes faixas etárias.

A tragédia de 2024 deveria servir de lição. O país não pode repetir a postura reativa, esperando o pior para, só então, agir. A dengue é uma doença previsível e evitável. Ignorá-la tem custado milhares de vidas. Até quando?